A monogamia é um monopólio; é boa para aqueles que alcançam esse estado de modo desejável, mas tende a impor uma privação biológica àqueles que não são tão afortunados. A despeito, porém, do efeito sobre o indivíduo, a monogamia é decididamente melhor para os filhos.
As primeiras monogamias foram devidas à força das circunstâncias, à pobreza. A monogamia é cultural e social, artificial e não natural, isto é, não-natural para o homem evolucionário. Foi inteiramente natural para os noditas e os adamitas mais puros e tem sido de grande valor cultural para todas as raças avançadas.
As tribos caldéias reconheciam o direito que a esposa tem de impor uma promessa pré-matrimonial, de que o seu esposo não tomaria uma segunda esposa ou concubina; os gregos e os romanos favoreceram o casamento monogâmico. A adoração dos ancestrais tem sempre fomentado a monogamia, como o tem o cristianismo, no seu equívoco de considerar o matrimônio como um sacramento. Mesmo a elevação do padrão de vida tem militado consistentemente contra a pluralidade de esposas. Na época do advento de Michael em Urântia, praticamente todo o mundo civilizado havia atingido o nível da monogamia teórica. Contudo, essa monogamia passiva não significou que a humanidade se tivesse tornado habituada à prática do matrimônio composto de um verdadeiro casal.
Ao perseguir o objetivo monogâmico daquele matrimônio ideal, constituído de um casal, o que é, afinal, algo como uma associação sexual monopolizadora, a sociedade não deve omitir-se sobre a situação não invejável daqueles homens e mulheres desafortunados que não conseguem encontrar um lugar nessa ordem social nova e melhor, ainda que havendo dado o melhor de si para cooperar com ela e corresponder aos seus requisitos. O fracasso em conseguir um companheiro na arena social da competição pode ser devido a dificuldades insuperáveis ou a múltiplas restrições que os costumes correntes tenham imposto. Verdadeiramente, a monogamia é ideal para aqueles que se mantêm nela, mas deve inevitavelmente representar uma grande dificuldade para aqueles que são deixados de fora, no frio da existência solitária.
Sempre uns poucos desafortunados tiveram que sofrer para que a maioria pudesse avançar sob o desenvolvimento dos costumes na civilização em evolução; mas a maioria favorecida deveria sempre encarar com ternura e consideração os seus semelhantes menos afortunados, que devem pagar o preço da impossibilidade de encontrar um lugar nas fileiras daquelas ligações sexuais ideais que permitem a satisfação de todos os seus impulsos biológicos; e sob a aprovação dos costumes mais elevados da evolução social adiantada.
A monogamia tem sido sempre, é agora, e para sempre será a meta idealista da evolução sexual humana. Esse ideal do verdadeiro matrimônio de um só par, compreende o auto-sacrifício e, portanto, tão freqüentemente fracassa exatamente porque uma ou ambas as partes contratantes são deficientes naquilo que é o ápice de todas as virtudes humanas: um autocontrole rigoroso.
A monogamia é a unidade de medida do avanço da civilização social, como pode ser diferenciada da evolução puramente biológica. A monogamia não é necessariamente biológica ou natural, mas é indispensável à manutenção imediata e ao desenvolvimento posterior da civilização social. Contribui para uma delicadeza de sentimentos, para um refinamento do caráter moral e para um crescimento espiritual, todos os quais completamente impossíveis na poligamia. Uma mulher nunca poderá tornar-se uma mãe ideal, quando, todo o tempo, fica obrigada a entrar em rivalidades na busca do afeto do seu marido.
O matrimônio que se restringe a um único par favorece e fomenta uma compreensão íntima e cooperação efetiva que são melhores para a felicidade dos pais, para o bem-estar dos filhos e para a eficiência social. O matrimônio iniciado na coerção crua está gradativamente evoluindo para uma magnífica instituição de autocultivo, autocontrole, auto-expressão e autoperpetuação.