O grau de cultura de um mundo é medido pela herança social dos seres nativos, e a rapidez da sua expansão cultural é integralmente determinada pela capacidade dos seus habitantes de compreenderem as idéias novas e avançadas.
A escravidão à tradição produz estabilidade e cooperação, pela ligação sentimental que faz do passado ao presente, entretanto, ao mesmo tempo, reprime a iniciativa e escraviza os poderes criativos da personalidade. Todo o mundo estava imobilizado pela rigidez do apego aos costumes tradicionais, quando os cem de Caligástia chegaram e começaram a proclamação do novo ensinamento da iniciativa individual, em meio aos grupos sociais daquela época. Contudo, essa regra benéfica foi interrompida de um modo tão rápido que as raças nunca se liberaram inteiramente da escravidão aos costumes; e os modismos continuam ainda dominando Urântia de um modo indevido.
Os cem de Caligástia—graduados dos mundos das mansões de Satânia—conheciam bem as artes e a cultura de Jerusém, mas esse conhecimento é quase sem valor em um planeta bárbaro povoado por seres humanos primitivos. Esses seres sábios estavam suficientemente prevenidos para não imprimirem transformações de modo súbito, nem a elevação, em massa, das raças primitivas daqueles dias. Eles compreendiam bem a evolução lenta das espécies humanas, e se abstiveram sabiamente de qualquer tentativa radical de modificar o modo de vida humano na Terra.
Cada uma das dez comissões planetárias pôs-se a fazer progredir lenta e naturalmente os objetivos confiados a eles. O seu plano consistia em atrair os seres com as melhores mentes das tribos vizinhas e, após educá-los, enviá-los de volta ao seu povo, como emissários da elevação social.
Jamais foram enviados emissários estrangeiros para uma raça, salvo a pedido específico daquele povo. Aqueles que trabalharam para a elevação e o avanço de uma certa tribo ou raça sempre eram nativos daquela tribo ou raça. Os cem nunca tentavam impor os hábitos e costumes de uma outra raça, ainda que superior. Eles trabalhavam sempre pacientemente, para elevar e avançar os costumes já submetidos à prova do tempo em cada raça. A gente simples de Urântia trouxe seus costumes sociais para a Dalamátia, não para trocá-los por práticas novas ou melhores, mas para tê-los elevados pelos contatos com uma cultura mais aprimorada e pela associação com mentes superiores. O processo era lento, mas muito eficiente.
Os educadores da Dalamátia procuravam acrescentar a seleção social consciente à seleção puramente natural da evolução biológica. Eles não desregraram a sociedade humana, mas aceleraram acentuadamente a sua evolução normal e natural. O seu motivo era o progresso por meio da evolução, e não a revolução por meio da revelação. A raça humana havia demorado idades para adquirir a pouca religião e a moral que tinha e esses supra-homens eram por demais conscientes para tirar da humanidade esses poucos avanços criando a confusão e a consternação que sempre resultam quando seres esclarecidos e superiores têm a intenção de elevar raças atrasadas, dando-lhes ensinamentos e esclarecimentos excessivos.
Quando vão ao coração da África, onde os filhos e filhas devem permanecer sob o controle e a direção dos pais durante toda a vida, os missionários cristãos levam apenas confusão e ruptura de toda autoridade, quando buscam, em uma única geração, suplantar aquela prática, ensinando aos filhos que eles deveriam ser livres de toda restrição dos pais, após atingirem a idade de vinte e um anos.