Lúcifer e o seu primeiro assistente, Satã, haviam reinado já em Jerusém por mais de quinhentos mil anos, quando, nos seus corações, começaram a alinhar-se contra o Pai Universal e o Seu Filho, o então vice-regente Michael.
Não houve qualquer condição peculiar ou especial, no sistema de Satânia, que sugerisse ou favorecesse a rebelião. Acreditamos que a idéia tomou origem e forma na mente de Lúcifer; e ele haveria de instigar tal rebelião, não importando onde estivesse servindo. Inicialmente Lúcifer anunciou os seus planos a Satã, todavia foram necessários vários meses para que a mente deste parceiro capaz e brilhante fosse corrompida. Contudo, uma vez convertido às teorias rebeldes, Satã tornou-se um defensor ousado e sincero da “afirmação de si e da liberdade”.
Ninguém jamais sugeriu a Lúcifer uma rebelião. A idéia da auto-afirmação, em oposição à vontade de Michael e aos planos do Pai Universal, tais como representados por Michael, teve a sua origem na própria mente de Lúcifer. As relações dele com o Filho Criador haviam sido sempre estreitas e cordiais. Em nenhum momento, antes da exaltação da sua própria mente, Lúcifer chegara a exprimir abertamente qualquer insatisfação com a administração do universo. Não obstante o seu silêncio, por mais de cem anos do tempo-padrão, os Uniões dos Dias em Sálvington haviam informado, por refletividade, para Uversa, que nem tudo estava em paz na mente de Lúcifer. Essa informação foi também encaminhada ao Filho Criador e aos Pais da Constelação de Norlatiadeque.
Ao longo desse período, Lúcifer tornou-se cada vez mais crítico de todo o plano de administração do universo; sempre, no entanto, professando lealdade sincera aos Governantes Supremos. A sua primeira deslealdade, manifestada abertamente, aconteceu por ocasião de uma visita de Gabriel a Jerusém, poucos dias antes da proclamação aberta da Declaração de Lúcifer pela Liberdade. Gabriel ficou tão profundamente impressionado que teve a certeza da iminência de uma ruptura; e foi a Edêntia, diretamente, para conferenciar com os Pais da Constelação sobre as medidas a serem tomadas no caso de uma rebelião declarada.
Muito difícil torna-se apontar uma causa, ou causas exatas que finalmente culminaram na rebelião de Lúcifer. Estamos certos quanto a uma única coisa, e esta é: quaisquer que tenham sido as causas iniciais, elas tiveram a sua origem inteiramente na mente de Lúcifer. Deve ter havido um orgulho do ego, nutrido por ele próprio, a ponto de levar Lúcifer a iludir a si mesmo de um modo tal que, durante um certo tempo, realmente se haja persuadido de que a idéia rebelde, de fato, era para o bem do sistema, se não do universo. Quando os seus planos haviam já sido desenvolvidos, a ponto de levá-lo à desilusão, sem dúvida ele havia ido longe demais e o seu orgulho original, gerador da desordem, não lhe permitiria parar. Em algum ponto nessa experiência, ele tornou-se insincero; e o mal evoluiu em pecado deliberado e voluntário. A prova de que isso aconteceu está na conduta subseqüente desse brilhante executivo. A ele foi oferecida, desde longa data, a oportunidade clara de arrependimento; no entanto, apenas alguns dos seus subordinados aceitaram a misericórdia oferecida. Os Fiéis dos Dias de Edêntia, a pedido dos Pais da Constelação, apresentaram pessoalmente o plano de Michael para a salvação desses rebeldes flagrantes; no entanto, a misericórdia do Filho Criador foi sempre rejeitada, e rejeitada com um desprezo e desdém sempre maiores.