A tradição religiosa é o registro, imperfeitamente preservado, das experiências dos homens sabedores de Deus das eras passadas; contudo, tais registros não são confiáveis como guias para a vida religiosa, nem como fonte de informação verdadeira sobre o Pai Universal. Tais crenças antigas têm sido invariavelmente alteradas pelo fato de o homem primitivo haver sido um elaborador de mitos.
Em Urântia, uma das fontes principais de confusão a respeito da natureza de Deus provém do fato de que os vossos livros sagrados não foram capazes de distinguir claramente as personalidades da Trindade do Paraíso, entre elas próprias; nem entre a Deidade do Paraíso e os criadores e administradores do universo local. Durante as dispensações passadas, de entendimento parcial, os vossos sacerdotes e profetas não conseguiram estabelecer com clareza as diferenças entre os Príncipes Planetários, os Soberanos dos Sistemas, os Pais da Constelação, os Filhos Criadores, os Governantes dos Superuniversos, o Ser Supremo e o Pai Universal. Muitas das mensagens de personalidades subordinadas, tais como os Portadores da Vida e várias ordens de anjos, têm sido apresentadas, nos vossos registros, como sendo provenientes do próprio Deus. O pensamento religioso de Urântia ainda confunde as personalidades coligadas da Deidade, da Trindade, com o próprio Pai Universal, de maneira a dar a todos um mesmo nome.
Os povos de Urântia continuam sofrendo a influência de conceitos primitivos de Deus. Os deuses desencadeados na tormenta, que sacodem a Terra na sua cólera e que derrubam os homens com a sua ira, aqueles que infligem o seu julgamento descontente na forma de penúria e de enchentes—estes são os deuses da religião primitiva, não são os Deuses que vivem nos universos e que os governam.Tais conceitos são uma relíquia dos tempos em que os homens supunham que o universo estivesse sob o domínio e o controle dos caprichos de tais deuses imaginários. O homem mortal, entretanto, está começando a dar-se conta de que vive em um reino de relativa lei e ordem, no que diz respeito às políticas administrativas e à conduta dos Criadores Supremos e dos Controladores Supremos.
A idéia bárbara de apaziguar a um Deus irado, fazendo propiciações para um Senhor ofendido, tentando ganhar os favores da Deidade; e tudo isso por meio de sacrifícios e de penitências, ou mesmo pelo derramamento de sangue, é sinal de uma religião totalmente pueril e primitiva, de uma filosofia indigna de uma era esclarecida pela ciência e pela verdade. Tais crenças são extremamente repulsivas aos seres celestes e aos governantes divinos que servem e reinam nos universos. É uma afronta a Deus acreditar, sustentar ou ensinar que o sangue inocente deva ser derramado com a finalidade de conquistar Seus favores ou de conjurar uma ira divina fictícia.
Os hebreus acreditavam que “sem derramamento de sangue não haveria remissão do pecado”. Eles não se haviam libertado da velha idéia pagã de que os Deuses não poderiam ser apaziguados a não ser pela visão do sangue, embora Moisés haja trazido um claro avanço ao proibir os sacrifícios humanos e substituí-los, na mente primitiva dos beduínos infantis que o seguiam, pelo sacrifício cerimonial de animais.
A outorga de si próprio, feita por um Filho do Paraíso, no vosso mundo, foi inerente à situação de fechamento de uma era planetária. Não que haja sido necessária ao propósito de ganhar os favores de Deus, mas sim porque era inevitável. Essa doação de si próprio também aconteceu como ato pessoal final de um Filho Criador, na longa aventura de alcançar a soberania experiencial do seu universo. Que distorção do caráter infinito de Deus não é o ensinamento de que o Seu coração paternal, em Sua suposta frieza e dureza austeras, não era tocado pelos sofrimentos e infortúnios das Suas criaturas, de que a Sua misericórdia terna não seria distribuída senão quando Ele visse o Seu Filho inocente sangrando e morrendo na cruz no Calvário!
Mas os habitantes de Urântia hão de libertar-se dos erros antigos e das superstições pagãs, a respeito da natureza do Pai Universal. A revelação da verdade sobre Deus está surgindo, e a raça humana está destinada a conhecer o Pai Universal, em toda a sua beleza de caráter e graça de atributos que o Filho Criador tão magnificamente descreveu, ao residir em Urântia, como o Filho do Homem e Filho de Deus.
[Apresentado por um Conselheiro Divino de Uversa.]
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