Há pouco mais de trezentos milhões de anos, do modo como o tempo é reconhecido em Urântia, testemunhamos uma daquelas transferências, para Emanuel, da autoridade sobre o universo; e constatamos as preparações de Michael para a partida. Essa ocasião foi diferente das anteriores, pois ele anunciou que o seu destino era Uversa, a sede-central do superuniverso de Orvônton. No tempo devido, o nosso Soberano partiu; contudo as transmissões do superuniverso jamais fizeram menção à chegada de Michael nas cortes dos Anciães dos Dias. Pouco depois da sua partida de Sálvington, surgiu, nas transmissões de Uversa, uma afirmação significativa: “Chegou hoje um peregrino ascendente, não anunciado e não numerado, de origem mortal, vindo do universo de Nébadon, certificado por Emanuel de Sálvington e acompanhado por Gabriel de Nébadon. Esse ser, não identificado, apresenta o status de um verdadeiro espírito e foi recebido na nossa fraternidade”.
Se fôsseis a Uversa hoje, poderíeis ouvir contar sobre os dias em que Eventod permaneceu lá, esse peregrino especial e desconhecido, do tempo e do espaço, que ficou conhecido em Uversa por esse nome. E esse mortal ascendente, uma personalidade no mínimo extraordinária, auto-outorgado e doado à semelhança exata do estágio já espiritual dos mortais ascendentes, viveu e atuou em Uversa, por um período de onze anos, do tempo-padrão de Orvônton. Esse ser recebeu as designações e cumpriu os deveres de um espírito mortal, em comum com os seus companheiros de vários universos locais de Orvônton. Sob “todos os pontos de vista, foi testado e provado, do mesmo modo que os seus companheiros”; e, em todas as ocasiões, demonstrou ser digno da confiança e da fé dos seus superiores e, ao mesmo tempo, infalivelmente atraiu para si o respeito e a admiração leal dos espíritos semelhantes seus.
De Sálvington, seguimos a carreira desse espírito peregrino com um interesse evidente, sabendo muito bem, pela presença de Gabriel, que esse espírito peregrino despretensioso e sem número não era nenhum outro senão o soberano, em auto-outorga, do nosso universo local. Essa primeira aparição de Michael, encarnado na função de uma etapa da evolução mortal, foi um evento que emocionou e cativou todo Nébadon. Nós havíamos ouvido sobre tais coisas, mas agora nós as contemplávamos. Ele apareceu em Uversa, como um espírito mortal, totalmente desenvolvido e perfeitamente aperfeiçoado e, como tal, continuou a sua carreira, até o momento do avanço de um grupo de mortais ascendentes até Havona; depois do que manteve uma conversa com os Anciães dos Dias e, imediatamente, em companhia de Gabriel, deixou Uversa, subitamente e sem maior cerimônia, aparecendo, pouco depois, no seu lugar habitual em Sálvington.
Só depois da consumação dessa auto-outorga, começamos a perceber que Michael iria encarnar-se provavelmente à semelhança das suas várias ordens de personalidades no universo: dos Melquisedeques mais elevados até os mortais de carne e sangue, nos mundos evolucionários, do tempo e do espaço. Nessa época, as universidades Melquisedeques começaram a ensinar sobre a probabilidade de Michael, em algum momento, encarnar-se como um mortal na carne; e, então, aconteceu muita especulação quanto à possível técnica de uma auto- outorga tão inexplicável. O fato de que Michael houvesse, em pessoa, agido no papel de um mortal ascendente, emprestava um interesse novo e maior a todo o esquema de progressão da criatura, em todo o caminho ascendente, tanto no universo local, quanto no superuniverso.
E, ainda assim, a técnica dessas auto-outorgas sucessivas permanece um mistério. Até mesmo Gabriel confessa que não compreende o método pelo qual esse Filho do Paraíso e Criador de um universo, voluntariamente, assume a personalidade e vive a vida de uma das suas próprias criaturas subordinadas.