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O Ser Supremo

3. O Original, o Factual e o Potencial

115:3.1

O cosmo absoluto existe, conceitualmente, sem limitações; definir a extensão e a natureza dessa realidade primordial é atribuir qualificações à infinitude e atenuar o conceito puro de eternidade. A idéia do eterno infinito e do infinito eterno é não condicionada, ou seja, não é definida em extensão, é absoluta de fato. Nenhuma língua de Urântia, seja do passado, do presente ou do futuro, é adequada para expressar a realidade da infinitude ou a infinitude da realidade. O homem, uma criatura finita num cosmo infinito, deve contentar-se com reflexões distorcidas e conceitos pouco nítidos dessa existência ilimitada, sem fronteiras, sem começo nem fim, cuja compreensão fica de fato muito além da capacidade dele.

115:3.2

A mente nunca pode esperar apreender o conceito de um Absoluto sem primeiro intentar quebrar a unidade dessa realidade. A mente é unificadora de todas as divergências, mas, na ausência mesma dessas divergências, a mente não encontra uma base sobre a qual tentar formular conceitos compreensíveis.

115:3.3

A estática primordial da infinitude requer uma segmentação, antes de quaisquer tentativas humanas de compreensão. Há, na infinitude, uma unidade que tem sido expressa, nestes documentos, pelo EU SOU—o postulado primeiro da mente da criatura. No entanto, uma criatura nunca pode compreender de que modo essa unidade se transforma numa dualidade, numa triunidade e numa diversidade, permanecendo ainda como uma unidade inqualificável, ou sem condicionamentos. O homem encontra um problema semelhante quando faz uma pausa e contempla a Deidade indivisa da Trindade, de um lado e, de outro lado, a personalização múltipla de Deus.

115:3.4

Apenas a distância que separa o homem da infinitude é o que leva esse conceito a ser expresso em uma única palavra. Enquanto a infinitude, de um lado, é a UNIDADE, de outro, é a DIVERSIDADE sem fim ou limite. A infinitude, como observada pelas inteligências finitas, é o paradoxo máximo da filosofia da criatura e da metafísica finita. Embora a natureza espiritual do homem alcance, na experiência da adoração, o Pai que é infinito, a capacidade intelectual de compreensão do homem se exaure antes que ele conceba o máximo do Ser Supremo. Além do Supremo, os conceitos passam a ser cada vez mais apenas nomes e cada vez menos designações verdadeiras da realidade; mais e mais se tornam projeções do entendimento finito da criatura na direção do suprafinito.

115:3.5

Uma concepção básica do nível absoluto envolve um postulado de três fases:

115:3.6

1. Original. O conceito inqualificável (inominável) da Primeira Fonte e Centro, aquela manifestação da fonte do EU SOU na qual toda realidade tem origem;

115:3.7

2. Factual. A união dos três absolutos da factualidade, da Segunda Fonte e Centro, da Terceira Fonte e Centro, e da Fonte e Centro do Paraíso. Essa triodidade, de Filho Eterno, de Espírito Infinito e de Ilha do Paraíso, constitui a revelação factual da originalidade da Primeira Fonte e Centro;

115:3.8

3. Potencial. A união dos três Absolutos de potencialidade, o Absoluto da Deidade, o Absoluto Inqualificável e o Absoluto Universal. Essa triodidade de potencialidade existencial constitui a revelação potencial da originalidade da primeira Fonte e Centro.

115:3.9

A interassociação do Original, do Factual e do Potencial produz as tensões, dentro da infinitude, que resultam na possibilidade de crescimento de todo o universo; e o crescimento é a natureza do Sétuplo, do Supremo e do Último.

115:3.10

Na associação do Absoluto da Deidade, do Absoluto Universal e do Absoluto Inqualificável, a potencialidade é absoluta, enquanto a factualidade é emergente; na associação entre a Segunda, a Terceira, e a Fonte e Centro do Paraíso, a factualidade é absoluta, enquanto a potencialidade é emergente; na originalidade da Primeira Fonte e Centro, não podemos dizer que a factualidade e a potencialidade sejam nem existentes nem emergentes—o Pai é.

115:3.11

De um ponto de vista temporal, o Factual é aquilo que foi e que é; o Potencial é aquilo que está vindo a ser e que será; o Original é aquilo que é. De um ponto de vista da eternidade, as diferenças entre o Original, o Factual e o Potencial não são assim aparentes. Essas qualidades trinas não são diferenciadas assim nos níveis da eternidade, do Paraíso. Na eternidade tudo é—só que tudo não foi ainda revelado no tempo e no espaço.

115:3.12

Do ponto de vista de uma criatura, factualidade é substância, potencialidade é capacidade. A factualidade existe sobretudo no centro e, daí, expande-se para o infinito da periferia; a potencialidade vem da periferia da infinitude para dentro e converge para o centro de todas as coisas. A originalidade é aquilo que primeiro causa e, depois, equilibra os movimentos duais do ciclo da realidade, em que os potenciais metamorfoseiam-se em factuais, e em que os factuais existentes são potencializados.

115:3.13

Os três Absolutos da potencialidade operam no nível puramente eterno do cosmo e, pois, nunca funcionam como tais, em níveis subabsolutos. Nos níveis descendentes da realidade, a triodidade da potencialidade é manifestada com o Último e no Supremo. O potencial pode não ter êxito em factualizar-se no tempo, com respeito a uma parte em algum nível subabsoluto, mas com respeito ao conjunto, sempre tem êxito. A vontade de Deus prevalece em ultimidade; nem sempre concernindo ao indivíduo, mas invariavelmente, no que concerne ao todo.

115:3.14

É na triodidade da factualidade que as existências do cosmo têm o seu centro; sejam espírito, mente ou energia, todas estão centradas nessa associação do Filho, do Espírito e do Paraíso. A personalidade do Filho espiritual é o modelo mestre para todas as personalidades em todos os universos. A substância da Ilha do Paraíso é o modelo mestre do qual Havona é uma revelação perfeita e do qual os superuniversos são uma revelação em perfeccionamento. O Agente Conjunto é, a um só tempo, a ativação mental da energia cósmica, a conceituação do propósito do espírito e a integração das causas e efeitos matemáticos dos níveis materiais com os propósitos e motivos volicionais do nível espiritual. Em um universo finito e para um universo finito, o Filho, o Espírito e o Paraíso funcionam no Último, e sobre o Último, do modo como ele está condicionado e qualificado no Supremo.

115:3.15

A Factualidade (da Deidade) é o que o homem busca, na ascensão ao Paraíso. A Potencialidade (da divindade humana) é aquilo que evolui no homem ao longo dessa busca. O Original é o que torna possível a coexistência e a integração entre o homem factual, o homem potencial e o homem eterno.

115:3.16

A dinâmica final do cosmo tem a ver com a transferência contínua que se dá na realidade, da potencialidade para a factualidade. Em teoria, pode haver um final para essa metamorfose, mas, de fato, isso é impossível, já que o Potencial e o Factual estão ambos dentro de um circuito no Original (o EU SOU), e essa identificação torna impossível, para sempre, colocar um limite na progressão do desenvolvimento do universo. O que quer que seja identificado com o EU SOU, não pode nunca ter um fim na sua progressão, já que a factualidade dos potenciais do EU SOU é absoluta, e a potencialidadade dos factuais do EU SOU também é absoluta. Os factuais estarão sempre abrindo novas vias para a realização dos potenciais, até então impossíveis—cada decisão humana não apenas factualiza uma nova realidade, na experiência humana, como também abre uma nova capacidade de crescimento humano. Um homem vive em toda criança, e o progressor moroncial reside no homem maduro conhecedor de Deus.

115:3.17

Uma paralisação, ou estática, no crescimento nunca pode se estabelecer no cosmo total, desde que a base para o crescimento—os factuais absolutos—seja não especificada, e desde que as possibilidades de crescimento—os potenciais absolutos—sejam ilimitadas. De um ponto de vista prático, os filósofos do universo chegaram à conclusão de que não existe uma coisa como um fim.

115:3.18

De um ponto de vista limitado, de fato, há muitos fins, muitas conclusões de atividades; mas, de um ponto de vista mais amplo, e em um nível mais elevado no universo, não existe nenhum fim, o que há são meras transições de uma fase do desenvolvimento para outra. A cronicidade maior, no universo-mestre, diz respeito a várias idades do universo: a idade de Havona, a do superuniverso e as idades dos universos exteriores. Contudo, até mesmo essas divisões básicas, na seqüência das relações, nada mais podem ser do que marcos relativos no interminável caminho da eternidade.

115:3.19

A penetração final na verdade, na beleza e na bondade do Ser Supremo pode dar, à criatura em progresso, apenas uma abertura para as qualidades absonitas da divindade última, as quais repousam muito além dos níveis dos conceitos de verdade, de beleza e de bondade.


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