A natureza da Trindade das Trindades é difícil de retratar para a mente humana; é a soma factual da totalidade da infinitude experiencial, como esta se encontra manifestada em uma infinitude teórica de realização na eternidade. Na Trindade das Trindades, a infinitude experiencial alcança identidade com o infinito existencial; e ambos são como um no EU SOU pré-experiencial e preexistencial. A Trindade das Trindades é a expressão final de tudo que está implicado nas quinze triunidades e triodidades associadas. As finalidades são de compreensão difícil, para os seres relativos, sejam elas existenciais ou experienciais; e, por isso, elas devem ser sempre apresentadas como relatividades.
A Trindade das Trindades existe em várias fases. Contém possibilidades, probabilidades e inevitabilidades que desconcertam a imaginação de seres muito acima mesmo do nível humano. Tem implicações que são, provavelmente, inesperadas pelos filósofos celestes, pois as implicações que geram estão nas triunidades; e, em última análise, as triunidades são impenetráveis.
Há um certo número de modos pelos quais a Trindade das Trindades pode ser retratada. Nós escolhemos apresentar o conceito em três níveis, que são os descritos a seguir:
1. O nível das três Trindades.
2. O nível da Deidade experiencial.
3. O nível do EU SOU.
Esses níveis são crescentes em unificação. De fato, a Trindade das Trindades é o primeiro nível, enquanto o segundo e terceiro níveis são uma unificação derivada do primeiro.
O PRIMEIRO NÍVEL: neste nível inicial de associação, acredita-se que as três Trindades funcionem de modo perfeitamente sincronizado, embora sejam agrupamentos distintos de personalidades da Deidade.
1. A Trindade do Paraíso, a associação das três Deidades do Paraíso—o Pai, o Filho e o Espírito. Deveria ser lembrado que a Trindade do Paraíso implica uma função tríplice—uma função absoluta, uma função transcendental (a Trindade da Ultimidade) e uma função finita (a Trindade da Supremacia). A Trindade do Paraíso é, em todo e qualquer tempo, todas e quaisquer uma delas.
2. A Trindade Última. Esta é a associação dos Criadores Supremos, de Deus, o Supremo, e dos Arquitetos do Universo-Mestre. Conquanto seja esta uma apresentação adequada de aspectos da divindade dessa Trindade, deveria ficar registrado que há outras fases dessa Trindade que, contudo, parecem estar perfeitamente coordenadas com os aspectos da divindade.
3. A Trindade Absoluta. Esta vem do agrupamento de Deus, o Supremo, de Deus, o Último, e do Consumador do Destino do Universo, no que concerne a todos os valores da divindade. Certas outras fases desse grupo trino têm a ver com valores outros, que não os da divindade, no cosmo em expansão. Contudo, estes se estão unificando com as fases da divindade, exatamente como os aspectos do poder e da personalidade das Deidades experienciais estão agora no processo de síntese experiencial.
A associação dessas três Trindades na Trindade das Trindades proporciona uma possível integração ilimitada da realidade. Esse agrupamento tem causas, atividades intermediárias e efeitos finais; tem iniciadores, realizadores e consumadores; tem começos, existências e destinos. A co-participação do Pai-Filho tornou-se do Filho-Espírito e, então, Espírito-Supremo e depois Supremo-Último e Último-Absoluto, indo mesmo até o Absoluto e ao Pai Infinito—o completar do ciclo da realidade. Do mesmo modo, em outras fases não tão imediatamente envolvidas com a divindade e a personalidade, a Primeira Fonte e Centro auto-realiza a ilimitabilidade da realidade em torno do círculo da eternidade, desde a absolutez da auto-existência, passando pela auto-revelação infindável, até a finalidade de auto-realização—do absoluto dos existenciais à finalidade dos experienciais.
O SEGUNDO NÍVEL: a coordenação das três Trindades envolve, inevitavelmente, a união associativa das Deidades experienciais, geneticamente associadas a essas Trindades. A natureza desse segundo nível tem sido algumas vezes apresentada como se segue:
1. O Supremo. Esta é a deidade-conseqüência da unidade da Trindade do Paraíso, na ligação experiencial com os filhos Criadores-Criativos das Deidades do Paraíso. O Supremo é a deidade da incorporação da realização completa do primeiro estágio da evolução finita.
2. O Último. Esta é a deidade conseqüência da unidade da segunda Trindade, tornada possível, a personificação transcendental e absonita da divindade. O Último consiste de uma unidade considerada, de modos variáveis, de muitas qualidades, e, para a concepção humana dele, seria bom incluir, ao menos, aquelas fases da ultimidade que geram o controle, que são pessoalmente experienciáveis e que geram tensões unificadoras; mas há muitos outros aspectos irrevelados da Deidade factualizada. Embora sejam comparáveis, o Último e o Supremo não são idênticos; e o Último não é uma mera amplificação do Supremo.
3. O Absoluto. Muitas são as teorias sustentadas quanto ao caráter do terceiro membro do segundo nível da Trindade das Trindades. Deus, o Absoluto, está, indubitavelmente, envolvido nessa associação como a personalidade conseqüência da função final do Absoluto da Trindade, e o Absoluto da Deidade ainda é uma realidade existencial com status de eternidade.
A dificuldade de conceituar esse terceiro membro é inerente ao fato de que a pressuposição de tal participação, como membro, realmente implique um único Absoluto. Teoricamente, se esse evento pudesse realizar-se, deveríamos testemunhar a unificação experiencial dos três Absolutos como um. E foi-nos ensinado que, na infinitude, e existencialmente, existe um Absoluto. Conquanto esteja menos claro quanto a quem possa ser esse terceiro membro, é postulado sempre que ele pode consistir no Absoluto da Deidade, no Absoluto Universal e no Absoluto Inqualificável, em alguma forma de ligação inimaginada e de manifestação cósmica. Certamente, a Trindade das Trindades dificilmente poderia atingir a função completa sem a plena unificação dos três Absolutos; e os três Absolutos dificilmente podem ser unificados sem a completa realização de todos os potenciais infinitos.
Caso o terceiro membro da Trindade das Trindades seja concebido como sendo o Absoluto Universal, provavelmente isso irá representar um mínimo de distorção da verdade, posto que esse conceito vê o Universal não apenas como estático e potencial, mas também como associativo. Contudo, nós ainda não percebemos a relação com os aspectos criativos e evolucionários da função da Deidade total.
Embora seja difícil de se ter um conceito completo sobre a Trindade das Trindades, um conceito limitado não seria tão difícil. Se o segundo nível da Trindade das Trindades for concebido como essencialmente pessoal, torna-se bastante possível postular a união de Deus, o Supremo, de Deus, o Último, e de Deus, o Absoluto, como a repercussão pessoal da união das Trindades pessoais, que são ancestrais dessas Deidades experienciais. Arriscamo-nos a emitir a opinião de que essas três Deidades experienciais certamente unificar-se-ão no segundo nível, por conseqüência direta da unidade crescente das suas Trindades ancestrais e causadoras que constituem o nível primeiro.
O primeiro nível consiste de três Trindades; o segundo nível existe como a associação das personalidades da Deidade, compreendendo as personalidades evoluídas-experienciais, factualizadas-experienciais e existenciais-experienciais. E, independentemente de qualquer dificuldade conceitual, na compreensão da Trindade das Trindades completa, a associação pessoal dessas três Deidades, no segundo nível, tornou-se manifesta, para a nossa própria idade universal, no fenômeno da deificação de Majeston, que foi factualizado, nesse segundo nível, pelo Absoluto da Deidade, atuando por intermédio do Último e em resposta ao mandado criador inicial do Ser Supremo.
O TERCEIRO NÍVEL: para uma hipótese inqualificável do segundo nível, da Trindade das Trindades, fica abrangida a correlação entre todas as fases de todas as espécies de realidade que existem, ou existiram, ou poderiam existir no conjunto global da infinitude. O Ser Supremo é não-apenas-espírito, mas é também mente e poder, e experiência. O Último é tudo isso e muito mais, pois, enquanto é o conceito conjunto da unicidade do Absoluto da Deidade, do Absoluto Universal e do Absoluto Inqualificável, fica incluída a finalidade absoluta de toda compreensão de realização.
Na união do Supremo, do Último e do Absoluto completo, poderia ocorrer a reconstituição funcional desses aspectos da infinitude, que foram originalmente segmentados pelo EU SOU e que resultaram no aparecimento dos Sete Absolutos da Infinitude. Embora os filósofos do universo considerem esta como sendo uma probabilidade bastante remota, nós, freqüentemente, ainda fazemos a seguinte pergunta: Se o segundo nível da Trindade das Trindades pudesse algum dia atingir a unidade trinitária, o que então sucederia em conseqüência dessa unidade da deidade? Não sabemos, mas confiamos na suposição de que conduziria diretamente à compreensão do EU SOU, como um experiencial alcançável. Do ponto de vista dos seres pessoais, poderia significar que o incognoscível EU SOU se houvesse tornado experienciável como o Pai-Infinito. O que esses destinos absolutos poderiam significar, de um ponto de vista não pessoal, seria uma outra questão, a qual possivelmente apenas a eternidade poderá esclarecer. Ao vermos, porém, essas eventualidades remotas deduzimos, enquanto criaturas pessoais, que o destino final de todas as personalidades seja, afinal, conhecer plenamente o Pai Universal de todas essas mesmas personalidades.
Enquanto, filosoficamente, nós concebemos o EU SOU, na eternidade passada, ele está só, não há ninguém ao lado dele. Se olharmos para a eternidade futura, possivelmente não veremos que o EU SOU possa mudar, como um existencial, mas estamos inclinados a prever uma vasta diferença experiencial. Esse conceito do EU SOU implica a autocompreensão plena—ele abrange aquela galáxia ilimitada de personalidades que se fizeram participantes voluntárias da auto-revelação do EU SOU, e que permanecerão eternamente como partes volitivas absolutas da totalidade da infinitude, filhos da finalidade do Pai absoluto.