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Documento 66
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O Príncipe Planetário de Urântia

5. A Organização dos Cem

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Os cem organizaram-se para o serviço em dez conselhos autônomos de dez membros cada. Quando dois ou mais desses dez conselhos reuniam-se em uma sessão conjunta, essas assembléias de ligação eram presididas por Daligástia. Esses dez grupos eram constituídos do seguinte modo:

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1. O conselho de alimentação e do bem-estar material. Este grupo era presidido por Ang. Esse hábil corpo tinha a especialidade de cuidar da comida, da água, das roupas e do avanço material das espécies humanas. Ensinava a escavação de poços, o controle das fontes e da irrigação. E ensinavam aos humanos provenientes de regiões mais altas e do norte os métodos mais aperfeiçoados de tratar as peles, para usá-las como vestes, e a tecelagem foi introduzida mais tarde, por instrutores de arte e ciência.

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Grandes avanços foram feitos nos métodos de armazenamento de alimentos. Os alimentos eram conservados pelo cozimento, a secagem e a defumação; e, assim, tornaram-se a primeira forma de propriedade. O homem aprendeu a se precaver contra o acaso da escassez, que periodicamente dizimava o mundo.

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2. O conselho de domesticação e de utilização de animais. Este conselho dedicava-se à tarefa de selecionar e de criar os animais que melhor se adaptavam a transportar os seres humanos, a carregarem as suas cargas, para o fornecimento dos alimentos e, mais tarde, no serviço de cultivar o solo. Esse corpo especialista era dirigido por Bon.

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Vários tipos de animais úteis, agora extintos, foram domesticados, junto com alguns que continuaram como animais domesticados até os dias atuais. O homem há muito tinha convivência com o cão, e o homem azul já tinha tido êxito em domesticar o elefante. A vaca estava sendo melhorada, por uma criação cuidadosa, para tornar-se uma fonte utilíssima de alimento; a manteiga e o queijo tornaram-se artigos comuns na dieta humana. Os homens aprenderam a utilizar os bois para transportar cargas, mas o cavalo só foi domesticado algum tempo depois. Os membros desse corpo é que ensinaram inicialmente os homens a usar a roda para facilitar a tração.

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Foi nesses dias que os pombos-correio foram usados pela primeira vez, sendo levados em longas viagens, com o propósito de enviar mensagens ou pedidos de ajuda. O grupo de Bon teve êxito em treinar os grandes fandores como aves de transporte. Esses fandores, entretanto, tornaram-se extintos há mais de trinta mil anos.

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3. Os consultores encarregados do controle de animais predadores. Não era suficiente que os primeiros homens tentassem domesticar certos animais, e, pois, deviam também aprender a proteger a si próprios de serem destruídos pelo restante dos animais hostis do mundo. Esse grupo era capitaneado por Dan.

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O propósito das muralhas das antigas cidades era a proteção contra animais ferozes, e também impedir ataques de surpresa de humanos hostis. Aqueles que moravam fora das muralhas e nas florestas dependiam de habitações nas árvores, de cabanas de pedras e da manutenção de fogueiras noturnas. Era muito natural, pois, que esses instrutores dedicassem muito tempo a instruir os seus alunos a melhorar as habitações humanas. Com o emprego de técnicas mais aprimoradas e o uso de armadilhas, um grande progresso foi feito na subjugação dos animais.

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4. O corpo docente encarregado da disseminação e conservação do conhecimento. Esse grupo organizava e dirigia os esforços puramente educacionais daquelas idades primitivas. Era comandado por Fad. Os métodos educacionais de Fad consistiam na supervisão do sistema de empregos, acompanhada da instrução sobre métodos aperfeiçoados de trabalho. Fad formulou o primeiro alfabeto e introduziu um sistema de escrita. Esse alfabeto continha vinte e cinco caracteres. Como material de escrita, esses povos primitivos utilizavam cascas de árvores, tabuletas de argila, placas de pedra, uma forma de pergaminho feito de peles marteladas e uma forma rústica de um material como o papel, feito de ninhos de vespas. A biblioteca da Dalamátia, destruída logo depois da deslealdade de Caligástia, compreendia mais de dois milhões de registros separados, e era conhecida como a “casa de Fad”.

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O homem azul teve uma predileção por escrever com o alfabeto e fez o maior progresso nessa direção. O homem vermelho preferiu a escrita pictórica, enquanto as raças amarelas derivaram para o uso de símbolos, para palavras e idéias, de um modo semelhante aos que empregam atualmente. Contudo o alfabeto e muitas coisas mais ficaram posteriormente perdidas para o mundo, em meio à confusão que acompanhou a rebelião. A apostasia de Caligástia destruiu a esperança mundial de uma língua universal, pelo menos durante idades incontáveis.

66:5.11

5. A comissão da indústria e do comérci o. Este conselho era empregado para fomentar a indústria, dentro das tribos, e para promover o comércio entre os vários grupos pacíficos. O seu líder era Nod. Todas as formas de manufaturados primitivos eram estimuladas por esse corpo. Eles contribuíram diretamente para a elevação dos padrões de vida, fornecendo muitas novas mercadorias, para atrair a imaginação dos homens primitivos. Eles expandiram grandemente o comércio do sal beneficiado, produzido pelo conselho de ciência e arte.

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Entre esses grupos esclarecidos, educados nas escolas da Dalamátia, é que foi praticado o primeiro crédito comercial. Numa bolsa central de troca de créditos, eles forneciam fichas simbólicas, que eram aceitas em lugar dos objetos reais da troca. O mundo não melhorou esses métodos de negócios por centenas de milhares de anos.

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6. O colegiado da religião revelada. Esse corpo tinha um funcionamento de efeito lento. A civilização de Urântia era literalmente forjada entre a bigorna da necessidade e os martelos do medo. Esse grupo, porém, tinha conseguido um progresso considerável nas suas tentativas de substituir o medo do Criador pelo medo da criatura (o culto dos fantasmas), quando os seus trabalhos foram interrompidos pelas desordens que vieram junto com a sublevação da secessão. O dirigente desse conselho era Hap.

66:5.14

Nenhum membro do corpo de assessores do Príncipe apresentaria revelações que complicassem a evolução; eles apresentavam a revelação apenas como uma culminância, depois de se haverem esgotado as forças da evolução. Hap, contudo, cedeu ao desejo dos habitantes da cidade, para o estabelecimento de uma forma de serviço religioso. O seu grupo proveu os dalamatianos com os sete cânticos do culto de adoração e também deu a eles a frase laudatória diária e finalmente ensinou a eles “a oração do Pai”, que era:

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“Pai de todos, cujo Filho honramos, olha por nós com favor. Livra-nos do medo de todos, exceto de Ti. Faze com que sejamos um prazer para os nossos mestres divinos e, para sempre, coloca a verdade nos nossos lábios. Livra-nos da violência e da raiva; dá-nos respeito pelos mais velhos e por tudo o que pertença aos nossos vizinhos. Dá-nos pastos verdes, nesta estação, e rebanhos frutíferos para alegrar os nossos corações. Oramos para a rápida chegada do prometido elevador das raças e, pois, queremos fazer a vossa vontade neste mundo, como os outros a fazem em mundos longínquos”.

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Embora o corpo de assessores do Príncipe se limitasse a meios naturais e métodos comuns de melhora da raça, ele manteve a promessa da dádiva Adâmica de uma nova raça como meta do crescimento evolucionário, depois que o desenvolvimento biológico houvesse chegado ao seu apogeu.

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7. Os guardiães da saúde e da vida. Esse conselho ocupava-se com a introdução de um sistema sanitário e com a promoção de medidas primitivas de higiene, e era liderado por Lut.

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Os seus membros ensinaram muitas coisas que foram perdidas durante a confusão das idades subseqüentes, e que nunca foram redescobertas até o século vinte. Eles ensinaram à humanidade que cozinhar, ferver e tostar eram meios de evitar-se a doença; e também que cozinhar reduzia grandemente a mortalidade infantil e antecipava o desmamar.

66:5.19

Muitos dos primeiros ensinamentos dos guardiães de Lut sobre a saúde perduraram entre as tribos da Terra, até os dias de Moisés, embora se hajam tornado muito deturpados e grandemente alterados.

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O principal obstáculo contra a promoção da higiene entre esses povos ignorantes consistia no fato de que as causas reais de muitas doenças eram pequenas demais para serem vistas a olho nu, e também porque eles todos encaravam o fogo de um modo supersticioso. Foram necessários milhares de anos para persuadi-los a queimar os detritos. Nesse meio tempo, era necessário obrigá-los quase a enterrar o seu lixo em putrefação. O grande avanço sanitário dessa época veio com a disseminação do conhecimento a respeito da luz do sol, das suas propriedades provedoras de saúde e destruidoras de doenças.

66:5.21

Antes da chegada do Príncipe, o banho havia sido uma cerimônia exclusivamente religiosa. De fato, era difícil persuadir os homens primitivos a lavar os seus corpos como uma prática saudável. Lut finalmente induziu os instrutores religiosos a incluir a limpeza com a água como parte das cerimônias de purificação a serem praticadas junto com as devoções do meio-dia, uma vez por semana, durante a adoração ao Pai de todos.

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Esses guardiães da saúde também buscaram introduzir o aperto de mão em substituição à troca de saliva e o beber do sangue, para selar a amizade pessoal e como uma demonstração de lealdade grupal. Todavia, quando fora da pressão compulsiva dos ensinamentos dos seus líderes superiores, esses povos primitivos não hesitavam em voltar às suas antigas práticas ignorantes e supersticiosas, que abalavam a saúde e aumentavam as doenças.

66:5.23

8. O conselho planetário de arte e ciência. Esse corpo muito fez para aperfeiçoar as técnicas industriais do homem primitivo e para elevar os seus conceitos de beleza. O seu líder era Mek.

66:5.24

A arte e a ciência estavam em um nível muito baixo no mundo, mas os rudimentos da física e da química foram ensinados aos dalamatianos. A cerâmica estava avançada, as artes decorativas foram todas aperfeiçoadas, e os ideais da beleza humana foram grandemente elevados. A música, entretanto, pouco progrediu antes da vinda da raça violeta.

66:5.25

Esses homens primitivos não consentiriam em experimentar a força do vapor, a despeito das repetidas estimulações dos seus instrutores; eles nunca puderam vencer o seu grande medo do poder explosivo do vapor confinado. Contudo, eles foram finalmente persuadidos a trabalhar com os metais e o fogo, se bem que uma peça de metal rubro de calor fosse um objeto aterrorizante para o homem primitivo.

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Mek fez muito para o avanço da cultura dos andonitas e para aprimorar a arte do homem azul. Uma combinação do homem azul com a linhagem de Andon produziu um tipo artisticamente dotado, e muitos deles tornaram-se escultores-mestres. Eles não trabalhavam na pedra nem no mármore, mas os seus trabalhos em argila, endurecidos no forno, adornavam os jardins da Dalamátia.

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Um grande progresso foi feito nas artes caseiras, a maioria das quais se perderam nas longas idades de sombras da rebelião, para nunca serem redescobertas até os tempos modernos.

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9. Os governadores das relações tribais avançadas. Este era o grupo encarregado do trabalho de levar a sociedade humana ao nível de um estado. O seu chefe era Tut.

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Esses líderes contribuíram muito para provocar casamentos intertribais. Eles aconselharam os humanos a cortejar e a casar, após a devida liberação para isso, e da oportunidade plena de se conhecerem mutuamente. As danças puramente militares tornaram-se refinadas a ponto de servir a fins sociais preciosos. Muitos jogos competitivos foram introduzidos, mas esses povos antigos eram uma gente circunspeta; e o senso de humor não florescia nessas tribos primitivas. Poucas dessas práticas sobreviveram à desintegração posterior à insurreição planetária.

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Tut e os seus adjuntos trabalharam para promover associações grupais de natureza pacífica, para regulamentar e humanizar os assuntos da guerra, para coordenar as relações intertribais e para aprimorar os governos tribais. Na vizinhança da Dalamátia, desenvolveu-se uma cultura mais avançada, e essas relações sociais desenvolvidas em muito colaboraram para influenciar as tribos mais distantes. Todavia, o modelo de civilização que prevalecia na sede-central do Príncipe era totalmente diferente da sociedade bárbara que se desenvolvia em outros locais, do mesmo modo que a sociedade da Cidade do Cabo, nesse século vinte, na África do sul, é totalmente diferente da cultura tosca dos bosquímanos diminutos ao norte.

66:5.31

10. A corte suprema de coordenação tribal e de cooperação racial. Este conselho supremo era dirigido por Van e era a corte de apelação para todas as outras nove comissões especiais encarregadas da supervisão dos assuntos humanos. Esse conselho tinha uma função ampla, sendo-lhe confiadas todas as questões terrenas que não eram especificamente designadas aos outros grupos. Esse corpo seleto foi aprovado pelos Pais da Constelação de Edêntia, antes de serem autorizados a assumir as funções da corte suprema de Urântia.


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